quinta-feira, 23 de junho de 2011

CONTO - APENAS UMA GAROTA CAP.1


Beijava três, cinco, dez garotas em uma noite. Às vezes levava alguma para um lugar mais escuro, a coisa esquentava, se rendia aos desejos animais, saciava sua luxuria, tinha novas paixões toda semana, mas continuava vazia, sem rumo, noite após noite entre mulheres e cerveja, entre amigos em um bar qualquer ria e comemorava a própria incoerência.
Os beijos por melhores que fossem não a tocavam, sua pele reagia, seu corpo excitado já acostumado a retribuir caricias sabia exatamente o que fazer a cada toque, porem sua mente vagava, seu coração inquieto mantinha-se fechado.
Decepcionava-se todos os dias, se frustrava, esperava que as garotas não agissem como sabia que agiriam, desejava a pessoa que a superasse, instigasse, inspirasse, alguém para estar com ela, sabia que esperava de mais, mas não conseguia agir diferente, sentia-se presa.
Acabava em uma ressaca terrível com a moral abalada, a cabeça rodando, pesada, presa novamente na cama sem vontade de mexer um único músculo, tentando analisar a maldita mania de atos emocionais sem sentido, descontrolados, que possuía, ligava para um amigo, tentava encontrar alguma razão para se levantar, via-se perdida em um turbilhão.
Cansada dos antigos lugares desgastados, das  baladas que sempre haviam sido seu mundo, não sabia para onde ir e não conseguia ficar em casa, acabava insistindo, buscando nos lugares errados, e pessoas erradas a profundidade de um olhar que brilhasse só por ela, não suportava mais a  luxuria e todo o lixo da noite, mas não conseguia se afastar, ela era uma viciada.
Cheia de conceitos e idéias adquiridos no decorrer dos seus 24 anos, se via buscando ainda respostas para as mesmas perguntas de sua adolescência, seguia dividida entre o mundo dos pensamentos e da razão, e o dos sentimentos e da emoção.  Às vezes encontrava seu equilíbrio, mas distraia-se por um instante e se deixava levar presa em um dos mundos novamente, perdia o controle.
Já sem saber onde mudar, o que fazer para melhorar, Sempre tão auto-crítica, persistente, desejando, se aperfeiçoando,  se auto-lapidando a cada novo dia, flagelava-se sem entender sua própria necessidade de mudar.
Diziam-lhe que não exigisse tanto dos outros, que não esperasse tanto, que curti se, aproveita-se e pronto, ela curtia, aproveitava as companhias passageiras, isso sim aprendera a fazer bem, mas não conseguia não exigir de alguém que estivesse ao seu lado, exigia dela mesma, se auto-criticava ainda mais que a qualquer um e esperava sempre o seu melhor, por isso mesmo sem querer, acabava esperando a mesma atitude em troca.
Presa em um ciclo que parecia não se fechar quando pensava estar em equilíbrio acabava fugindo dos próprios pensamentos novamente, afogando-os em um copo qualquer de bebida, colando seu corpo a um corpo qualquer, rindo de uma besteira qualquer sem saber qual o próximo passo a dar.
Aquela havia sido outra dessas noites, novamente não queria acordar, ter de abrir os olhos, a escuridão da noite ainda dominava o quarto, mas sua mente ainda letárgica insistia em trazê-la novamente à realidade.
Sentia a respiração leve e o contato da pele suave, quente, colada a sua, a garota, que não conseguia recordar o nome agora, adormecida tentava aconchegar-se em seus braços, e ela desvencilhou-se sem lhe dar muita atenção, não que a noitada ouves-se sido ruim, mas não sentia desejo algum de estar ali. (...)

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